Momentos Intimos

Postado por Luiz Fernando , quinta-feira, abril 29, 2010 20:18

As árvores estavam tomadas de um verde esmeralda que fazia o dia parecer como aqueles de filme, que a gente só vê naquelas produções de Hollywood. Os pássaros cantavam com tanta intensidade que minha mente não conseguia se desprender daquela sensação de dia perfeito e meus olhos apenas passavam pelos objetos existentes. Ainda me sinto assim quando lembro daquele dia.

As horas pareciam que não passavam naquele escritório, todos com suas coisas a fazer e eu ali, com a cabeça a mil, pensando no que devia fazer do meu resto de dia de trabalho. Não me importava se o mundo se acabasse agora, pois me sentiria melhor morrendo do que continuando a viver por viver. Enfim, chegou a hora de partir.

Peguei alguns pertences da minha gaveta e saí em direção ao elevador onde lá parados já haviam uma fila de umas oito pessoas que se olhavam com certa repugna, pois todos ali queriam um lugar no elevador. Vera, a secretária do chefe de setor, tinha quase uns cento e vinte quilos, e analisava as pessoas com olhar de fome como quando estamos loucos para comer e as mesas do restaurante preferido estão todas lotadas, pois é, era assim que ela se encontrava. Simplesmente, baixei a minha cabeça e lá fiquei imóvel há esperar.

Entrei no elevador com um sentimento de que com o peso de Vera talvez possamos ficar trancados no elevador, mas isso não aconteceu. Chegamos ao térreo um pouco mais felizes todos que ali estavam naquela lata de sardinha, pois havia a placa de carga que dizia - máximo cinco pessoas -, só que estávamos em nove, mas tudo bem, chegamos vivos.

Vera que esta próxima a porta saiu em disparada em direção ao estacionamento e a segui. Nunca havia visto a Vera com tal desenvoltura para caminhar em direção ao carro – parecia que havia perdido uns noventa quilos. Ela foi em direção ao seu carro e segui em direção ao meu Uno. Ao fundo ouviam-se vários sons de pessoas que destravavam os carros para irem embora. Abri a porta e entrei. Seitei no banco duro e relaxei um pouco, pensei no que iria fazer daquele resto de dia, eram apenas quatro horas da tarde, ainda poderia ir até um parque e tomar um sorvete ou encontrar alguns amigos para jogar conversa fora ou coisas desse tipo. Liguei meu carro e segui para a saída do estacionamento. Vera como sempre apressada em seu carrão novo cruzou minha frente e me trancou – coisa normal para quem está com fome. Vi pelo retrovisor dela um sorriso meio antipático da parte dela. Seguiu e se foi me deixando livre.

Tudo parecia normal tirando o fato de que ninguém dos meus amigo de sempre atendiam o celular, mas tudo bem, talvez ainda estivessem no trabalho ou não queriam me atender, quem sabe. Olhei para todos os lugares que passei a procura de algo legal para fazer naquele fim de tarde, só que, a única coisa que parecia legal era ir para o parque e assim foi feito, segui para lá. No porta malas do carro havia um toalha dessa de piquenique que estava ali a há muito tempo. Estacionei o meu carro perto da parque, tirei a toalha do porta-malas e andando pelo caminho fui analisando um ótimo lugar com raios de sol para que pudesse ficar descansado apenas sentindo eles tocarem meu rosto. Enfim encontrei um ótimo lugar, onde estendi minha toalha e me pus a relaxar. Perto dali haviam algumas pessoas e seus cachorros que brincavam.

Depois de muito tempo não me sentia muito bem, parecia que não haviam preocupações em minha vida, tudo estava perfeito. Os minutos passavam lentamente.

Deitei sobre a toalha e fechei os olhos caindo em um pequeno cochilo. Naquele momento único me concentrei. Ao fundo apenas latidas dos cães que ali estavam. Em algum momento que não me recordo senti algo bater em minha cabeça e logo depois patas sobre o meu corpo, levantei rapidamente com o susto e sobre meu corpo estava um labrador e vindo logo a minha frente a sua dona. No rosto dela havia um expressão de culpa e também de graça, a cada passo que se aproximava expressavas palavras de desculpas. Desculpas estas que foram bem aceitas ao ver como linda era.

Olhando-a fixamente nos olhos, sorri, logo foi se sentando ao meu lado e pegando o seu cachorro e o colocado na coleira. Como se fosse normal que aquilo acontecesse, ela logo foi pedindo desculpas e se apresentou como Alice. Conversamos horas a fio sobre cães, gatos, restaurantes, bares, parques e tudo que havia em nossa cidade. Demos muitas gargalhadas narrando o mento que havia sido atacado pelo cachorro e como a vida era estranha quando trabalhamos demais e não paramos para observar como as coisas são e como o mundo continua a viver mesmo que não o notamos, ela concordava e sorria. E minha cabeça o sorriso dela me deixava embriagado.

Por coincidência olhas ao mesmo tempo os relógios. Informou-me que já estava ficando tarde demais, concordei com um gesto de afirmativa com a cabeça. Também informou que morava a algumas quadras do parque. Senti que meu rosto começou a ficar vermelho de vergonha, pois pensei em convida-la para sair, só que, seria estranho ou não, mas preferia ficar em silêncio. Levantou-se chamando o cachorro que cavocava a alguns metros dali e informou que iria embora. Naquele momento os raios de sol começavam a se esconder transformando o maravilhoso dia em uma noite com inúmeras estralas. Ficamos alguns minutos se olhando com se algum convite fosse surgir entreguem por um mensageiro, só que, sem pensar perguntei se ela gostaria de sair para jantar. Com um sorriso doce nos lábios ela me informou que seria um prazer.

Senti o meu estômago dar voltas, meus olhos saltaram das órbitas e ali me senti completo, com um dia maravilhoso que graças a meus amigos que não atenderam os telefones acabei conhecendo alguém que realmente era para ter encontrado neste parque, neste dia. Por fim demos um aperto de mãos, houve a troca de telefones e ela informou que eu poderia ligar há qualquer momento do dia que seria um prazer para ela. Juntei a toalha, à dobrei. E segui com ela até meu carro, onde seguimos nossos caminhos voltando para nossas vidas.

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